Os alisamentos definitivos são procurados por mulheres que buscam os tão sonhados fios lisos. Hoje, no mercado, existem diversos tipos de produtos com diferentes substâncias que prometem o efeito alisador ao mesmo tempo que mantém a saúde dos cabelos. Mas será que eles são realmente seguros.
A verdade é que esses produtos utilizam químicos agressivos que, a longo prazo, podem trazer danos sérios aos fios e ao couro cabeludo. Nesse texto vamos explicar como eles agem e porque a prática não é indicada pelos dermatologistas.
Os tipos de cabelo
Os cabelos são mais do que um simples adereço estético e possuem várias funções no nosso corpo, sendo a principal proteger nossa cabeça da ação da radiação solar. Por isso, manter a saúde dos fios é muito importante.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, existem três tipos principais de cabelos, determinados pelo grupo étnico e pela genética de cada pessoa:
- Cabelos lisos: tipo das etnias mongólicas, orientais, esquimós e indígenas.
- Cabelos ondulados: tipo dos caucasianos, também presentes em várias etnias.
- Cabelos crespos: mais comuns na etnia negra.
Características como forma, textura e padrão de crescimento também são determinadas pelas variações raciais e individuais de cada pessoa.
Como agem os alisamentos definitivos
Nosso cabelo é formado, entre outras coisas, por pontes de dissulfeto, que por sua vez são formadas pela ligação de dois átomos de enxofre. Nossos folículos pilosos, estruturas da derme onde os cabelos se formam, produzem várias proteínas que contém esses átomos.
O que determina a textura dos fios é a quantidade dessas pontes: quanto mais pontes, mais crespo; quanto menos, mais liso.
Assim, de forma simplificada, o que os processos de alisamentos definitivos fazem é quebrar essas ligações de enxofre para que não formem pontes de dissulfeto.
Os riscos dos alisamentos definitivos
Para que o produto alisante possa alterar as ligações químicas do cabelo e manter o efeito mesmo depois de ser lavado, ele utiliza alguns compostos que atuam mais profundamente nos fios. O problema é que essas substâncias podem oferecer riscos à saúde.
Algumas delas são bastante agressivas e podem resultar em problemas como alopecia, dermatite de contato e infecção secundária bacteriana. Em outros casos, os efeitos adversos estão relacionados a utilização de técnicas inapropriadas, uso inadequado de reagentes ou a realização excessiva de alisamentos.
Seja qual for o caso, o processo de alisamento resulta na perda proteica e de hidratação dos fios, ressecando e fragilizando as hastes, o que pode levar à queda.
Substâncias liberadas pela Anvisa
Para evitar que você corra riscos desnecessários, procure utilizar apenas produtos que contenham substâncias liberadas pela Anvisa para alisamentos definitivos:
Substâncias sob análise da Anvisa
As seguintes substâncias utilizadas para o alisamento se encontram sob análise da Anvisa, incluindo algumas que anteriormente estavam liberadas. Isso significa que ainda não há uma decisão sobre a sua segurança:
Substâncias proibidas pela Anvisa
Existem duas substâncias proibidas pela Anvisa para alisamentos definitivos, mas permitidas como conservante:
É preciso ter muita atenção com o formol. Ele é o grande vilão por trás das promessas de alisamentos definitivos. Uma substância cuja a venda é proibida há mais de 10 anos, mas que mesmo assim ainda aparece em produtos de procedência duvidosa e é utilizado salões de beleza que prometem resultados milagrosos.
Os riscos do formol
A legislação atual permite apenas 0,2% de formol na composição de cosméticos, incluindo alisantes. Nesse percentual, a substância não tem o poder de alisar.
Ainda encontrado em alguns alisamentos permanentes, o formol pode trazer sérios problemas para a saúde, como:
- Em contato com a pele: irritação, descamação, dor e queimaduras.
- Em contato com os olhos: irritação, dor, lacrimejamento, visão embaçada e danos irreversíveis à visão.
- Inalação: tosse, dor de garganta, irritação do nariz, enjoo e falta de ar, podendo causar edema pulmonar e pneumonia. Em altas concentrações, pode ser fatal.
- Exposição crônica: pode causar câncer no aparelho respiratório e leucemia, além de reação alérgica, aumento do fígado e debilidade da visão.
- No alisamento com formol: quebra e queda dos cabelos.
Desde junho de 2009, a Anvisa proíbe a venda de formol em drogarias, farmácias, supermercados e lojas de conveniência. Sua adição a fórmulas já prontas é considerada crime desde 1977. Em 2004, o Instituto Nacional do Câncer (Inca), seguindo indicações da Organização Mundial de Saúde (OMS), classificou o formol como um agente cancerígeno.
Preste bastante atenção: procedimentos como escova egípcia, de chocolate, inteligente e similares podem ocultar a presença de formol. Se houver um cheiro forte característico, não realize o procedimento.
Como médica, defendo que você deve manter a saúde dos seus cabelos o mais naturalmente possível, evitando a realização de alisamentos definitivos. Se por algum motivo você decidir realizar o procedimento, procure um profissional especializado e fique atenta à fórmula dos produtos utilizados. Sempre que houver alguma dúvida, peça orientação para um dermatologista.